Setor empresarial discute, nesta terça-feira, os desafios do desenvolvimento sustentável. A intenção é debater as propostas que serão levadas pelo Brasil a Dubai no final de novembro, na COP28
Nos próximos meses, o mundo se voltará para Dubai. Líderes governamentais, executivos, especialistas e representantes da sociedade civil de todo o planeta vão se reunir, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro e 12 de dezembro, para avaliar o progresso já alcançado pelo Acordo de Paris.
Para adiantar as discussões e as propostas que serão levadas pelo Brasil à 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou, nesta terça-feira (12), um diálogo com especialistas e representantes do setor industrial e do governo sobre o papel do Brasil na descarbonização da economia global.
A CNI transmitiu ao vivo no YouTube o Diálogo Pré-COP28.
Veja abaixo as questões que estão em debate:
- Qual o papel do Brasil na transição global para uma economia de baixo carbono?
- Qual a visão do país para a COP28?
- Quais as expectativas do setor privado para a COP28?
- Qual a importância do financiamento sustentável?
- Como fazer a transição energética?
- Quais estratégias empresariais estão voltadas à descarbonização?
Brasil reúne condições ideais para produção de energia renovável
Na abertura do evento, a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg, anunciou o Posicionamento da Indústria para a COP28. A Confederação, como a principal representante e interlocutora da indústria brasileira, lidera a construção de consensos entre as entidades do setor industrial na identificação das ações necessárias para impulsionar o progresso do país rumo à implementação do Acordo de Paris.
Nesse sentido, Mônica ressaltou que o Brasil é um dos “poucos países que reúnem as condições ideais para a ampliação desse percentual, em especial por meio da produção de hidrogênio e do desenvolvimento de eólicas offshore”.
Hanan Sakr, líder de Engajamento com o Setor Privado da COP28, destacou a importância da contribuição do setor privado para que os países possam atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
“Sem o setor privado na mesa, as NDCs e as metas de carbono zero não serão atingidas”, disse, em participação remota. “O setor privado é crucial para a entrega de esforços ambiciosos em todos os assuntos relacionados à agenda de sustentabilidade”.
Agenda verde
O governo espera aprovar já na próxima semana, no Senado, o projeto de lei que regulamenta o mercado de carbono, segundo o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg. A medida é defendida pelo Executivo e pelo setor industrial como um dos instrumentos necessários para avançar na agenda da descarbonização.
Ele destacou, ainda, outros temas importantes que apontam o compromisso do Brasil com a transição energética e a descarbonização, como o projeto de regulamentação do hidrogênio, o projeto do chamado “combustível do futuro”, que prevê o aumento do uso de etanol na gasolina de 27% para 30%, o novo Rota 20-30, com foco na descarbonização e eficiência energética, e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).
“Fico muito otimista porque vejo uma convergência muito grande entre o governo e o setor produtivo e tenho muita esperança que se a gente se concentrar nessa agenda, poderemos chegar à COP no final do ano com todos esses arcabouços jurídicos aprovados. Isso será uma sinalização muito forte para o mercado interno e para o mercado externo de que o Brasil quer efetivamente assumir o protagonismo nessa transição verde para uma nova economia, para uma economia de baixo carbono”, acrescentou.
Segundo o secretário substituto de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Aloisio Melo, a pasta apresentará em Dubai o relançamento do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, que contará com R$ 10 bilhões para financiar projetos de desenvolvimento sustentável.
“Para onde estamos indo? Estamos de volta, estamos na liderança e vamos mostrar na COP28 e, especialmente na COP30, em Belém, o engajamento da sociedade brasileira”, reforçou o embaixador extraordinário para a Mudança do Clima, Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, disse que para avançar na agenda da sustentabilidade, o Brasil precisa “virar a página” em relação a equívocos feitos no passado, como o aumento do desmatamento. “O nosso desafio hoje é voltar para as COPs recolocando o Brasil numa posição da qual ele não deveria ter saído, a de protagonista desse processo. Esse é o desafio da COP28”, disse.
Acordo de Paris
Na COP28, será divulgado o primeiro Balanço Global (Global Stocktake – GST), mecanismo de transparência que tem o objetivo de avaliar e divulgar o progresso coletivo das partes em relação ao cumprimento dos objetivos e das metas de longo prazo estabelecidas no Acordo de Paris.
Para Luiz Alberto Figueiredo Machado, embaixador extraordinário para a Mudança do Clima, essa é uma característica muito interessante dessa conferência, pois vai permitir ver como os países estão avançando na implementação dos compromissos negociados.
Figueiredo acredita que o mecanismo terá duas vertentes principais. “Uma que diz respeito à ciência e tecnologia, e outra que diz respeito a toda uma negociação que segue em curso sobre financiamento das ações, sobre a mitigação e que tem a ver sobre as negociações sobre perdas e danos”, disse.
O governo – representado pelo secretário substituto de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Aloisio Melo, – planeja revisar suas metas de emissão de gases de efeito estufa (NDC) após a participação em Dubai.
O Brasil se comprometeu em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, em relação a 2005. Além disso, o país também assumiu a responsabilidade de reduzir suas emissões em 50% até 2030, em relação a 2005.
O Artigo 6 do Acordo de Paris foi outro ponto destacado ao longo dos debates. Para o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, é fundamental que se avance nas regras de operacionalização do mercado global de carbono, mecanismo previsto nesse artigo.
Pavilhão Brasil na COP28
Ana Paula Lindgren Alves Repezza, diretora de negócios da ApexBrasil, falou que a expectativa é que na COP28 o Brasil tenha um pavilhão único que mostre coerência de posicionamento entre governo, setor produtivo e sociedade civil diante da agenda climática.
A ideia, segundo ela, é que se construa um posicionamento único para comunicar não só aos negociadores, mas também aos visitantes, como o Brasil está se apresentando nesse novo momento. “Essa é uma agenda de país, que obviamente transborda o nosso país”, disse.
“A Apex entende que esse não é um evento de realização de negócios, mas é um evento de imagem e posicionamento. Nesse sentido, a ideia é também posicionar o Brasil como um parceiro seguro para negócios e sustentabilidade, tanto do ponto de vista de exportações como no ponto de vista da atração de investimentos”, apontou Ana Paula.
Transição energética
A transição energética, que integra a missão Descarbonização – defendida pela CNI no Plano de Retomada da Indústria –, foi um dos temas debatidos ao longo do evento. Sobre o assunto, os participantes abordaram:
- powershoring (produção de energia em países onde há fontes renováveis disponíveis, como eólica, solar e de biomassa)
- hidrogênio verde
- fontes renováveis de energia
- redução do uso de combustíveis fósseis
- SAF
Do ponto de vista da atração de investimento, a diretora da ApexBrasil destacou o powershoring como uma “estratégia muito inteligente” e um aspecto que o Brasil deve explorar cada vez mais.
“Enquanto temos países que ganham competitividade do ponto de vista da atração de investimentos porque são próximos ao seu mercado de destino, caso do ‘nearshoring’, ou porque são países amigos e fazem acordos, que é o caso do ‘friendshoring’, a gente tem países que se posicionam no mercado internacional como muito interessantes porque são capazes de fornecer energia limpa e barata de forma ampla, que é exatamente o caso do Brasil”, explicou.
O secretário substituto de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Leandro Albuquerque, também ressaltou o potencial brasileiro para atrair investimentos a partir de uma agenda focada em fontes renováveis de energia. Nesse ponto, ele afirmou que espera chegar em 2025 com plantas pilotos de hidrogênio verde em todo o Brasil: “Estamos trabalhando arduamente no arcabouço regulatório”.
Para avançar nas discussões sobre transição energética, a vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Barbara Rubim, propôs que o Brasil estabeleça, na COP-28, uma meta para atingir 100% de energia renovável. Segundo ela, outros países já definiram esse marco.
“No espectro da COP28, esta seria uma grande oportunidade de conseguir uma meta específica para atingir 100% de energia renovável no Brasil”, disse Barbara Rubim.
Em relação aos combustíveis fósseis, o governo federal quer que o Brasil se posicione, de forma clara, na busca pela eliminação dos combustíveis fósseis:
“Acho que tem uma certa preocupação de quão forte será a mensagem de fez em alta dos combustíveis fósseis. Deveria ser uma mensagem muito clara e inequívoca, estabelecendo um processo de efetiva redução, visando a eliminação dos combustíveis fósseis. Acho que é importante ter em mente que o Brasil é um dos países melhores posicionados para ter uma mensagem clara e forte de caminhar rumo à eliminação dos combustíveis fósseis”, disse o secretário substituto de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Aloisio Melo.
A eliminação do uso desses combustíveis, no entanto, foi questionada pelo presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Roberto Ardenghy.
Ardenghy, contudo, explicou que há duas linhas de pensamento em relação a esta realidade: “A primeira, acabar com a produção de combustíveis fósseis o mais rápido possível; e a segunda, fazer este processo de maneira responsável, não por meio de uma transição energética descontrolada”.
O desenvolvimento dos combustíveis de aviação sustentável (SAF) foi comentado pelo diretor de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Jefferson de Oliveira Gomes, como outra estratégia importante brasileira na pauta da transição energética:
“A gente tem 17 mil aviões no planeta voando. Daqui simplórios sete anos, vai atingir 32 mil aviões. [...] A gente tem que fazer o balanço também com o queronese. A questão de desenvolver o SAF também é importante. O nordeste brasileiro está se especializando na produção do SAF no setor aeronáutico. Se a gente olhar que tem um dos maiores litorais do planeta entre os países, os portos brasileiros também podem trabalhar com os combustíveis sintéticos”, disse.
Transparência e ações concretas
Os palestrantes concordam que a conferência do clima da ONU deste ano traz algumas características especiais. “Em relação à COP28, a palavra ‘inclusiva’ é bastante animadora”, disse Akustina Morni, diretora de Emprego, Habilidades e Diversidade da Organização Internacional de Empregadores – que representa mais de 140 instituições em todo o mundo –, acrescentando que a conferência será um marco de ação decisiva para manter as metas ao alcance. “Estaremos ao lado da CNI para garantir que as discussões sobre políticas incluam todos os setores envolvidos”, disse.
Akustina reiterou também que será uma oportunidade de promover entre esses setores as habilidades verdes necessárias ao momento, para maximizar as oportunidades que surgem com a transição energética.
Para João Paulo Paixão, diretor da Dubai Chamber Representative Office – Brazil, é possível dizer que a COP28 será “brutalmente honesta”. “Teremos agora condições de olhar para a crise climática com uma transparência nunca vista graças ao Balanço Global (Global Stocktake – GST)”.
Segundo ele, Brasil e Emirados Árabes têm uma oportunidade histórica de cooperar em tecnologia e desenvolvimento. “A Dubai Chamber tem papel importante na coordenação desse diálogo. Temos 350 mil empresas operando sob o nosso guarda-chuva e temos promovido diversos debates para conseguimos atingir as metas”, explicou, destacando que Emirados Árabes foram um dos primeiros países a assumir o compromisso de se tornar net zero com meta de redução de 40% das emissões até 2030.
Para o presidente do Global Energy Institute da U.S. Chamber of Commerce Marty Durbin, tentar adivinhar o resultado das negociações da COP28 é uma “tendência difícil e perigosa”, mas mostrou expectativa positiva para o setor privado. “Defendo que a comunidade empresarial se apresente com propósito”, enfatizou.
“É uma grande oportunidade de dizer que fazemos parte da solução – e de mudar os mecanismos necessários para enfrentar este desafio global, incluindo as contribuições dos setores empresariais ao lado dos governos nacionais e internacionais”, enfatizou.
Durbin reconhece que o Balanço Global (Global Stocktake - GST) não apresentará um cenário positivo, mas acredita que fará com que todos se concentrem “no que realmente está acontecendo hoje”. “Creio que a COP28 proporcionará oportunidades inclusivas e intensificará a ação e a implementação”, concluiu.
Para o presidente do Comitê de Assuntos Industriais da Business Europe, Holger Lösch, há sempre um “jogo de expectativas antes das COPs, como se fossem capazes de apresentar resultados dramáticos e milagrosamente solucionar a crise climática”.
“A verdade, no entanto, é que o longo processo das COPs já conseguiu muitas mudanças no trabalho e devemos nos orgulhar disso.” Lösch ressalta, porém, que “há a necessidade de milhões de decisões de investimentos – que devem ser tomadas com rapidez e ousadia, no momento certo – por parte dos cidadãos, dos governos e do setor privado, entre outros, em grande escala”. “As metas já estão claras para todos”, reiterou.
Financiamento: o desafio do combate ao desmatamento
Na abertura da Cúpula do G20 no último sábado (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou dos países ricos financiamentos para o combate contra as mudanças climáticas, especialmente para os que estão em desenvolvimento. O tema deverá ser um dos pontos centrais da COP28 e foi amplamente debatido no evento.
Os painelistas discutiram a importância do financiamento sustentável para impulsionar cadeias que valorizem ações de descarbonização, uso sustentável de florestas nativas e modelos de negócios inovadores em bioeconomia.
Para dar uma ideia da dimensão do tema, Marcelo dos Santos, Executivo Sênior do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), destacou alguns dados. De acordo com estimativa da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), até 2030, a demanda por financiamento ou investimento em geração de energia limpa é de aproximadamente 250 bilhões de dólares por ano e tende a aumentar, atingindo um pico de 332 bilhões de dólares por ano.
“Isso estamos falando em setores emergentes da América Latina. Se a gente olhar no mundo, passa de trilhões”, explicou Santos.
Para Carina Vitral, assessora do Ministério da Fazenda, a COP28 é uma oportunidade para o Brasil se recolocar na agenda climática e mostrar qual ambiente de negócios e de regulação o país está propiciando para atrair investimento verde. Mas, para isso, será fundamental mostrar avanços significativos na redução do desmatamento. Ela explicou que o governo está elaborando plano de desenvolvimento sustentável que engloba não apenas ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, ou seja, reduzir as emissões de GEE e reduzir seus efeitos danosos.
“O plano enxerga a política pública de adaptação às mudanças climáticas como uma oportunidade de um novo ciclo para o Brasil, baseado na bioeconomia, no aumento de produtividade, na transição energética, economia circular e outros, uma agenda econômica de oportunidade para mudar o ambiente de negócio”, disse.
De acordo com Gustavo Pimentel, CEO da Natural Intelligence, o financiamento para atividades sustentáveis não se resume apenas à falta de oferta, e sim, enfrenta uma questão de demanda. E a demanda está atrelada à existência de regulação e de normas que permitam que as empresas invistam com segurança.
“A gente tende a enxergar o financiamento para baixo carbono como uma questão de que se existe oferta haverá demanda, mas às vezes nos deparamos com desafio de demanda. Para a gente fazer a transição de forma mais ampla, precisamos de mobilização de capital. Condições de demanda são fundamentais. É preciso incentivos e arcabouços de mercado para que essas demandas possam despontar”, disse.
Para Marcelo Miterhof, assessor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a oferta de financiamento também não é um grande gargalo, especialmente em se tratando de bioeconomia. Quando se fala nessa atividade, a questão central a ser enfrentada é o combate ao desmatamento ilegal.
“A bioeconomia e a estratégia brasileira têm uma questão óbvia: para um país continuar tendo o peso geopolítico que tem e que pode crescer, ele precisa cumprir a meta de desmatamento legal zero até 2030. Essa é a nossa chance de continuarmos nos posicionando no mundo e exigir contrapartidas, fazendo investimentos que tragam desenvolvimento para nós. Para isso, o papel da bioeconomia é muito relevante, mas não acho que seja um problema de financiamento, e sim de demanda”, diz Miterhof.
Estratégias empresariais voltadas à descarbonização
Embora já seja responsável por uma baixa intensidade de emissão de carbono, a indústria brasileira está agindo para reduzir emissões de gases de efeito estufa e zerar o balanço de carbono. Essa tem sido uma prioridade para vários segmentos industriais. Durante o evento, as empresas Suzano, BRF e Acelen apresentaram iniciativas que vêm desenvolvendo, com ênfase em ações e tecnologias de baixo carbono, para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Desde que tornou público, em 2020, o seu plano de sustentabilidade, a BRF já conseguiu atingir o índice de 90% de uso de fontes renováveis em sua matriz energética. Segundo a gerente global de sustentabilidade da empresa, Mayara Jungles, a companhia adquiriu cerca de 28 mil hectares de áreas reflorestadas, que produzem a biomassa necessária para geração de energia.
Além disso, Mayara destacou que a “BRF tem um compromisso de rastreabilidade de 100% dos grãos que adquire em dois biomas prioritários, a Amazônia e o Cerrado”. Para obter esse resultado, a empresa lançou mão de um monitoramento geoespacial e do cruzamento de dados do governo federal, como o Prodes – que calcula a taxa oficial de desmatamento desses biomas.
A companhia ainda assumiu o compromisso de zerar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2040, tanto nas operações como na cadeia produtiva.
Na Suzano, as iniciativas para descarbonização tem relevância não apenas socioambiental, mas também financeira. De acordo com Leonardo Mercante, diretor de Relações Corporativas, a empresa lançou os Objetivos para Renovar a Vida, 15 metas relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) e, hoje, 40% da dívida é atrelada a greenbonds.
Entre as iniciativas da empresa em direção ao alcance desses objetivos, está a inauguração da joint venture Woodspin, startup com capacidade de produzir mil toneladas de tecidos de origem vegetal. “É uma quebra de paradigma para a empresa entrar num mercado completamente novo para a gente, com muita inovação”, disse.
Outro objetivo da empresa é eliminar da atmosfera 40 milhões de toneladas de carbono até 2025. Para isso, a Suzano investe no plantio de árvores - diariamente são plantadas 1,2 milhão de árvores; por meio da restauração e preservação de 4 milhões de hectares de florestas nativas; e na construção de mais de mil quilômetros de corredores verdes entre os principais biomas brasileiros - Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia, que favorecem a preservação e conservação de mata nativa e a biodiversidade.
A Acelen, empresa de energia criada há cerca de dois anos, tem como desafio acelerar o processo de transição energética encontrando na sua atividade - a produção de combustíveis fósseis - a melhor equação ambiental. Para isso, tem atuado por meio de dois movimentos: fazendo o “dever de casa” bem feito, ou seja, buscando aumentar a eficiência energética e operacional e investindo em combustíveis renováveis.
Com apenas um ano de operação, a empresa apresentou avanços significativos: conseguiu reduzir em 280 mil toneladas a emissão de CO2 dos processos produtivos de combustíveis.
“Isso equivale a mais ou menos à plantação de uma floresta de 22 mil hectares, que é mais ou menos 1,2 mil Maracanãs”, disse Marcelo Lyra, vice-presidente de Comunicação, Relações Institucionais e ESG da Acelen.
Melhorando a eficiência operacional, a empresa também conseguiu reduzir em 41% a emissão de enxofre, em 8% o consumo de água nas operações (o equivalente ao consumo de uma cidade de 30 mil habitantes) e em 5% no consumo de energia, informou o executivo.
O segundo movimento da empresa é um projeto de produção de diesel renovável e SAF renovável a partir do plantio da macaúba, uma planta nativa que pode ser encontrada em todo o Brasil. “É um investimento significativo, de R$ 12 bilhões, uma área de plantio de mais de 200 mil hectares e uma ambição de fazer com que a Acelen e o Brasil estejam entre os principais produtores de biodiesel do mundo”, disse Lyra.
Nobel de Economia
O professor da Universidade de Columbia e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, em 2001, Joseph Stiglitz, foi um dos convidados da CNI e fez uma palestra sobre o papel estratégico do Brasil na transição global para uma economia de baixo carbono. Em sua fala, Stiglitz destacou que a atuação do Brasil na COP e no G20 podem ter papel fundamental na reestruturação da economia global.