Agenda contemplou debates estratégicos para o desenvolvimento do Brasil e diálogo com os pré-candidatos à presidência da república
Nos dias 3 e 4 de julho, empresários acreanos participaram, em Brasília, do Encontro Nacional da Indústria (Enai) - que reuniu 2 mil líderes de todo o país para debater questões estratégicas para o desenvolvimento do Brasil - e do Diálogo da Indústria com os candidatos à Presidência da República.
A comitiva acreana foi liderada pela presidente da FIEAC em exercício, Adelaide de Fátima, e contou com a participação dos presidentes de sindicatos das indústrias de Extração Mineral, João Paulo Pereira; Construção Civil, Carlos Afonso; Confecção, Raimunda Holanda; Gráfico, Afonso Boaventura; de Panificação, Abrahão Felício; e Pavimentação, Nailton Feitosa. Integraram também este grupo o superintendente de operações da FIEAC e do IEL, Jorge Luiz Vila Nova; e o Diretor do SENAI e superintendente do SESI, César Dotto.
Durante a abertura do 11º Enai, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, falou dos desafios a serem enfrentados pelos governantes que serão eleitos em outubro para a consolidação de um ambiente de negócios que contribua para aproximar o Brasil do grupo de países desenvolvidos.
“Se fizermos as escolhas corretas, poderemos colocar o Brasil na rota do crescimento e do bem-estar. Se repetirmos erros do passado, o país continuará na rota da incerteza e do baixo crescimento”, disse, ao destacar que esta edição do ENAI ocorre às vésperas das eleições de 2018, momento em que as escolhas dos brasileiros serão decisivas para o futuro do país”, garantiu o presidente da CNI.
Presente na abertura, o presidente Michel Temer reforçou a importância de o Enai ocorrer às vésperas do período eleitoral, ao trazer a público e para os concorrentes ao Palácio do Planalto o conjunto de propostas do setor produtivo como contribuição ao crescimento e à competitividade da economia. “É preciso ousadia para realizar as reformas que contribuem para o desenvolvimento do país. Fizemos reformas e colocamos a reforma da Previdência na pauta política do país. Não haverá candidato à Presidência que deixará de se manifestar sobre isso no período eleitoral”, destacou.
Sistema político atual compromete a governança, afirma FHC
Presente ao Encontro Nacional da Indústria,m o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil vive um momento de ruptura e, para superar essa situação, há necessidade de líderes capazes de enxergar o que pode unir a sociedade.
“O Brasil clama por algo “novo”, mas o que , realmente, é isso? Nada mais é do que pensar no coletivo”, disse o ex-presidente durante o painel “A Governança do Brasil: os problemas, a agenda, as saídas”.
Na avaliação de Fernando Henrique, a eleição é um momento oportuno para a discussão desses temas. Para ele, a saída está no diálogo e nas pessoas. O ex-presidente destacou que o sistema político brasileiro “precisa de reformas profundas”, sendo um dos fatores responsáveis pelos problemas de governança enfrentados pelo país.
Segundo ele, os partidos políticos hoje são corporações que têm acesso a recursos públicos e a tempo de televisão para defender interesses de grupos. Esses partidos não acompanharam as mudanças da sociedade e hoje há uma dispersão de forças cujas consequências são difíceis de prever.
“O setor produtivo necessita de sinais claros e firmes de que a política econômica se movimentará na direção de maior estabilidade, de melhoras institucionais e de criação de condições para que o Brasil fortaleça, de fato, a sua indústria”, comentou a presidente da FIEAC, em exercício, Adelaide de Fátima.
A programação do Encontro Nacional da Indústria contemplou, também, debates sobre os cenários econômicos, políticos, sindicais e sobre a revolução tecnológica no Brasil e no mundo.
Diálogo da indústria com os candidatos à presidência do Brasil
Há duas décadas, a CNI apresenta à sociedade e aos candidatos à Presidência da República um conjunto de propostas para o crescimento econômico e social do Brasil. Neste ano, o setor industrial sabatina seis pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Participaram do encontro: Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos).
Geraldo Alckmin - O pré-candidato afirmou que pretende reduzir o imposto de renda de empresas como incentivo à retomada e atração de investimentos, o que, segundo o candidato, é o que garantirá a geração de empregos e renda no país. Seu governo, afirmou, dobrará a renda do trabalhador brasileiro. Alckmin destacou que sua equipe buscará melhorar a educação básica no Brasil e relacionou a qualidade da educação à baixa produtividade. Ele destacou ainda que ampliará a agenda de acordos comerciais e que seu governo defenderá os interesses do produto brasileiro no exterior.
Marina Silva - A acreana defendeu uma reforma política que contemple o fim da reeleição, a quebra de monopólio de partidos com a possibilidade de candidaturas independentes, a aprovação do voto distrital misto e a composição de governo com base em meritocracia. A pré-candidata elogiou as propostas da CNI que, segundo ela, têm um olhar sistêmico sobre os problemas. Ela também destacou que é importante construir um ambiente saudável para os negócios, com ajuste nas contas públicas, reforma tributária, eliminação de gargalos para o desenvolvimento do setor industrial e respeito ao tripé macroeconômico, baseado em câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação.
Jair Bolsonaro - O pré-candidato pelo PSL criticou a atual cultura de barganha em troca de apoio político para assegurar a governabilidade e afirmou que não há uma busca por coligações para a composição de um eventual governo. Ele defendeu a redução da burocracia e a desregulamentação de aspectos da economia serão as medidas, caso eleito, para contribuir com a recuperação da atividade produtiva e da confiança do empresário. Em relação às reformas recentemente aprovadas pelo Congresso Nacional, o parlamentar defendeu a modernização das leis do trabalho – para a qual deu voto favorável.
Henrique Meirelles - A reforma tributária será uma das principais agendas, caso seja eleito nas eleições de 2018. Meirelles adiantou que o foco será simplificar a tributação brasileira. Por isso, a ideia é unificar os impostos de valor adicionado, como PIS/Cofins, ICMS e ISS, em uma única cobrança chamada Imposto de Valor Agregado (IVA). Após o recolhimento, o valor seria redistribuído a estados e municípios. Para ele, a medida deixa a cobrança de impostos mais transparente e vai permitir aumento de arrecadação.
Ciro Gomes - Ex-governador do Ceará e ex-deputado federal, defendeu enfrentar dois temas que, para ele, são os maiores adversários do crescimento do país: a taxa de juros e o câmbio. Ele reiterou que, se eleito, reabrirá a discussão sobre a modernização das leis trabalhistas. Quanto às reformas, o pedetista afirmou que os seis primeiros meses de governo são estratégicos para discutir temas de alta relevância nacional, como as reformas tributária e previdenciária.
Álvaro Dias - O paranaense sugeriu a redução brusca dos gastos com privilégios às autoridades e com folha salarial como medida para reequilibrar as contas. Apresentando-se como uma via de mudança em meio a tradicionais políticos, ele enfatizou que o país só voltará a ser sério quando o presidente da República resolver combater efetivamente a corrupção. Como caminho para reverter a crise fiscal, o pré-candidato sugeriu a redução brusca dos gastos com privilégios às autoridades e com folha salarial.
O presidente do Sindicato de Extração Mineral do Acre (Sindmineral), João Paulo Pereira, garantiu que foi uma grande oportunidade de analisar as propostas de cada candidato e se o setor industrial será prioridade. “Pudemos conhecer um pouco do plano de governo de cada um deles e, agora, com serenidade, poderemos escolher o melhor candidato que valorize os empresários, pois só teremos um Brasil desenvolvido, com o setor produtivo forte”, disse.