Melhora da atividade econômica eleva otimismo dos empresários, que apostam no aumento da demanda, das exportações, das compras de matérias-primas e do emprego nos próximos 6 meses
A consolidação da recuperação da atividade e as expectativas otimistas dos empresários aumentaram a disposição da indústria para investir nos próximos seis meses. O índice de intenção de investimento subiu 1,1 ponto na comparação com dezembro e atingiu 59,2 pontos em janeiro.
Foi o quarto aumento consecutivo do indicador, que alcançou o maior nível desde fevereiro de 2014, informa a Sondagem Industrial, divulgada nesta segunda-feira (27), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador varia de zero a cem pontos. Quanto maior o índice, maior é a disposição para os investimentos.
“É fundamental que essa intenção se concretize e a indústria amplie os investimentos”, diz o economista da CNI Marcelo Azevedo. “O aumento dos investimentos é importante para a criação de mais empregos e para acelerar o ritmo de crescimento da produção e da economia”, completa.
De acordo com a pesquisa, todos os indicadores de expectativas estão acima dos 50 pontos. Isso mostra que os empresários esperam o crescimento da demanda, das exportações, das compras de matérias-primas e do número de empregado nos próximos seis meses.
A Sondagem Industrial mostra ainda que o índice de evolução da produção caiu 7,1 pontos frente a novembro e ficou em 43,8 pontos no mês passado. O indicador de evolução do número de empregados recuou 1,3 ponto em relação ao mês anterior e alcançou 48,7 pontos em dezembro. Os indicadores variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo de 50 pontos, mostram queda na produção e no emprego.
Entretanto, as quedas registradas em dezembro frente a novembro foram inferiores as de anos anteriores. “Os dados refletem o comportamento esperado para o período, com queda da atividade industrial devido ao término das encomendas para atender às vendas de fim de ano”, afirma a pesquisa.
Além disso, a utilização da capacidade instalada ficou em 63% em dezembro e está 2 pontos percentuais acima do registrado em dezembro de 2018. O índice é o maior para o mês de dezembro desde 2010, quando começou a série. “A indústria encerra 2019 em nível de atividade relativamente mais intenso do que o observado no mês de dezembro de anos anteriores”, avalia a CNI.
Em dezembro, o nível de estoques em relação ao planejado diminuiu 1 ponto na comparação com novembro e ficou em 49 pontos. O indicador varia de zero a cem pontos. Quanto está abaixo de 50 pontos, mostra que os estoques estão abaixo do planejado, o que abre espaço para o aumento da produção.
CONDIÇÕES FINANCEIRAS – Os empresários também percebem a melhora das condições financeiras no quarto trimestre do ano. Pelo segundo trimestre consecutivo, os indicadores de satisfação com os lucros e com a situação financeira das empresas aumentaram. O índice de satisfação com a margem de lucro subiu para 45,8 pontos. Está 4,1 pontos acima da média e é o maior desde o primeiro trimestre de 2011.
O índice de satisfação com a situação financeira aumentou para 50 pontos e pela primeira vez, desde o quarto trimestre de 2012, está em cima da linha divisória de 50 pontos. “Ou seja, o empresário mostra satisfação com a situação financeira”, observa a CNI. Os dois indicadores variam de zero a cem pontos e quando estão abaixo de 50 pontos mostram insatisfação dos empresários.
O índice de facilidade de acesso ao crédito aumentou 2,8 pontos no quarto trimestre em relação ao terceiro e ficou em 43,2 pontos. Foi o sexto aumento consecutivo do indicador, que está 3,5 pontos acima da média histórica. Embora esteja abaixo da linha divisória dos 50 pontos, mostra que as condições de acesso ao crédito estão melhorando.
OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO – De acordo com a pesquisa, os empresários também percebem a melhora da demanda. Embora se mantenha em segundo lugar no ranking de principais problemas enfrentados pela indústria no quarto trimestre de 2019, o número de menções à demanda interna insuficiente caiu 34,6% para 29,6%. O primeiro lugar da lista continua sendo a elevada carga tributária, com 43,6% das menções. Empatados em terceiro lugar, ambas com 18,7% das respostas, aparecem a competição desleal e a falta ou o alto custo da matéria-prima. No quinto lugar, com 17,3% das respostas, ficou a falta de capital de giro.
Esta edição da Sondagem Industrial foi feita de 6 a 17 de janeiro com 1.965 indústrias de todo o país. Dessa, 744 são pequenas, 711 são médias e 510 são de grande porte.