Representantes dos três países criam comitê com o objetivo de impulsionar o comércio internacional
Empresários do Acre, Peru e Bolívia estiveram reunidos na última sexta-feira, 22, em Iñapari, com a intenção de identificar e solucionar os entraves burocráticos que impedem o avanço nas relações comerciais na região da tríplice fronteira. Durante o encontro, que contou com a presença de autoridades e também de servidores de órgãos responsáveis por liberar as exportações, foi criado um comitê trinacional formado por empresários que será responsável por buscar avanços para facilitar as exportações e importações entre as nações.
Presente à reunião, José Zapata, ministro conselheiro do Ministério das Relações Exteriores do Peru no escritório de Puerto Maldonado, avaliou que a união entre empresários e servidores de órgãos de fiscalização dos três países pode, sim, garantir o fortalecimento do intercâmbio comercial na região.
“Precisamos fazer bom uso e aproveitar a Rodovia Interoceânica, onde foi feito um investimento significativo e é uma excelente alternativa para transportar as mercadorias e realizar um intercâmbio de pessoas e de produtos entre os três países. Acredito que, mobilizando as iniciativas privada e pública, podemos trabalhar conjuntamente e impulsionar o comércio exterior”, salientou Zapata.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Jorge Barra Gonzáles, presidente da Câmara de Comércio de Iñapari, argumentou que é necessário fazer jus ao grande investimento feito na construção da Interoceânica. “No caso da nossa região, creio que nos falta uma cultura comercial. Já dei uma sugestão para realizarmos uma grande feira para apresentar nossos produtos aos brasileiros e, além disso, precisamos buscar uma maneira de incrementarmos um valor agregado às nossas mercadorias”, acrescentou.
Davi Franco, empresário do segmento industrial de Cobija, capital do departamento de Pando, entende que, historicamente, os três países têm uma problemática em comum com as restrições aduaneiras e o grande prejudicado é sempre o empreendedor.
“Todas essas limitações são impostas por instituições públicas de cada um dos países, que dificultam muito a entrada e saída de produtos em uma localidade que, na teoria, deveria ser uma região de livre comércio. Quando começam a travar o comércio na região, [os trâmites] ficam vulneráveis à corrupção. Por isso é preciso reduzir as restrições. Com essa reunião trinacional, buscamos efetivar, de fato, um livre comércio entre os países”, salientou Franco.
Diretor da Federação das Indústrias do Acre (FIEAC) e presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Alimentares do Estado (Sinpal), o empresário José Luiz Assis Felício analisou o encontro como extremamente produtivo e de grande valia para o avanço nas relações comerciais na região fronteiriça.
“Foi uma reunião entre empresários, onde detectamos todos os problemas que nos atrapalham para que realmente aconteça a integração comercial que tanto buscamos. Foi tratado os problemas de cada país, primeiramente com os empresários, e, posteriormente, houve a participação das autoridades bolivianas e peruanas responsáveis por fazer a liberação das exportações. Nossa expectativa foi cumprida e certamente teremos boas notícias futuramente”, assinalou José Luiz.
Ainda durante a reunião, ficou acertado que os empresários voltarão a se reunir nas próximas semanas, desta vez em Rio Branco, na capital do Acre, para garantir o avanço das demandas tratadas durante o encontro em Iñapari.